segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Gueixa e a Árvore... Parte 2...


Naquela noite estava acontecendo uma grande festa no feudo, todos os lordes, samurais, importantes comerciantes, as mais belas gueixas e o povo estavam lá, bebendo e comendo, dançando e celebrando. Não é preciso dizer que ela era o astro mais brilhante da noite, todos a observavam e estavam ao seu redor, as outras gueixas mordiam-se de inveja, mas apenas aquelas que não a conhecia, pois as que paravam para conhece-la eram imediatamente fisgadas pelo seu sorriso brilhante e tímido. Sim! Tímido! Ora, já pensaram o que aconteceria se ela sorrisse com toda intensidade? Os pobres mortais não aguentariam tal brilho! Mas apesar de estar ali iluminando a festa sorrindo pra todos, generosamente ofertando para os mundanos as graças de sua bela alma, a Gueixa não se sentia completamente feliz ali. E, sem que ninguém percebesse ela se retirou do meio da agitação e caminhou em direção ao bosque para comungar com o silêncio da natureza. Ela passeava em meio ao belo e silencioso bosque distraída com os próprios pensamentos e sentimentos, apesar de não pensar em nada específico e de não saber exatamente o que estava sentindo no momento, era como tudo se misturasse numa melancolia nublada. Então, subitamente o céu se fechou e uma chuva começou a cair pesadamente sobre a bela Gueixa que foi se refugiar embaixo da copa de uma árvore. O que foi estranho é que a Gueixa não se moveu, era como se a árvore houvesse se inclinado para protegê-la da chuva. O tempo passou e nada da chuva passar, impaciente a Gueixa mais uma vez se deixou levar pelos seus pensamentos e sentimentos e voltou a sentir-se esquisita. E ainda não sabia o porque. E ficou ali, embaixo da árvore distraída de si mesma até que, de repente...
- O que a incomoda tanto, pequena Gueixa?
A Gueixa deu um salto assustada pela voz, olhou ao redor mas não viu ninguém, com um leve medo crescente ela perguntou:
- Quem está aí?
A resposta veio imediatamente: - Eu, pequena dama! Não me vê?
Ainda procurando pela fonte da voz e não encontrando nada a não ser a vegetação ao redor ela perguntou:
- Onde está você? Apareça agora mesmo!
-Calma, bela dama! Estou logo aqui, do seu lado!
Ela olhou para o lado de onde veio a voz e para seu espanto tudo que encontrou foi a árvore que a abrigava da chuva e disse: - Não seja covarde! Saia de traz dessa árvore!
- Receio não poder fazer isso, senhorita.
- E porque não?
- Porque eu não estou atrás da árvore. Eu sou a Árvore!
- Como? Ora, deixe de tolice seu pervertido! Revele-se ou eu irei gritar por socorro!
-Isso será desnecessário, senhorita! Se não acredita aproxime-se mais um pouco.
Com um misto de relutância e curiosidade a Gueixa aproximou-se da Árvore e para seu espanto constatou que a estranha planta tinha um rosto, e que estava sorrindo de forma divertida da expressão de espanto na face da Gueixa.

CONTINUA...

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